sábado, 29 de maio de 2010

De Clarice Lispector a Stefanie Meyer

“Um país é feito de homens e livros” (M.L.)






O que diz respeito aos intelectuais, jornalistas e afins, sempre que abrem a boca é para denegrir a literatura atual com as tolas desculpas de que são livros sem conteúdo, fúteis, e simples. Não querendo, da minha parte, desmerecer os célebres e imortais versos da canção de exílio de Gonçalves Dias, e nem, muito menos, debochar das memórias póstumas de Machado de Assis, pois, assim como o planeta terra gira, assim como o Sol que ilumina a terra, e, assim como a água molha, as pessoas mudam, e com ela, a maneira de escrever, de expressar-se por meio da escrita. 

Homem que escreve no século XXI, não é o mesmo homem que escrevera há 100 anos. O homem, irá escrever os deleites de um cara moderno, vivendo seus prazeres e intrigas.  Não, por exemplo, escrevendo textos abolicionistas, ou porque não sobre a independência do Brasil? O escritor atual irá escrever aquilo que lhe convém, como contos fantásticos, que envolvam seres estranhos e imaginários, ou, por exemplo, sobre mistérios de quadros famosos. E, que sim, agradam às massas. Ou pelo menos ao público teen, falam tanto que os jovens vivem em frente ao computador, em seus sites, websites, e etc... que atualmente, eles passam o dia lendo! Começam com os livrinhos fúteis, sem conteúdo e simples, que logo após é um pulo para devorarem um Dom Casmurro ou um Morte e Vida Severina ou até se aventurar com um pobre aviador perdido no espaço que se depara consigo próprio vestido de um cabelo amarelo...

Julgamos uma obra simplesmente como tosca pela tosca dedução brasileira, e nesse vai-e-vém, nem sequer a primeira letra do prefácio o sujeito têm lido! Imaginemos que daqui a um certo tempo, as pessoas acharão Crepúsculo e Cia uma obra maestral enquanto a modinha da vez será um livro totalmente ridículo. E para quem nunca parou para observar... A desajeitada mocinha de Forks tem lá seus trejeitos alá moçoila Capuleto, e o herói mortal, leitor de mentes compara-se ao jovem aventureiro, e donzelo Montecchio. O que apenas diferencia o livrinho de Meyer ao romance shakesperiano são as circunstâncias em que ambas histórias se desenvolvem, a Cidade de Forks e a romântica Verona  até o pobre Conde Páris não deixa de existir, as insignificantes semelhanças entre o prometido à bela Julieta e o lobinho bombado não são meras coincidências. 

Imortalizando as fantásticas epopéias de Aristóteles a Platão, de Shakespeare a Goethe, de João Cabral a Suassuna... a vida não se resume a um museu de obras literárias, atualmente, não só o Brasil, mas todo o mundo é vasto de escritores geniais, Markus Zusak... Julio Emílio Braz... J.K. Rolling... Elisa Lucinda... Dan Brown... ah, e por aí vai... Temos que aceitar as prosas e as poesias contemporâneas e deixar de lado o preconceito ignorante, e de pensar que Prosopopeia, obra de cunho imitativo, um verdadeiro plágio, deu início a primeira escola brasileira de literatura... tudo que vier é lucro!


Gabriel Nascimento,(14) – fã de livrinhos fúteis como Crepúsculo, e, também, leitor de romances de Lispector, Machado,  companhia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário