sábado, 29 de maio de 2010

Temos necessidade de telenovelas

São crianças, jovens, idosos e adultos: todos são públicos de novelas. Todos gostam de reunir um grupo de amigos pra comentar e assistir o tão sonhado último capítulo da novela das oito. Relacionamentos acabam, chegamos atrasados, perdemos o emprego, esquecemos da nossa própria vida pra vivenciar aquela vida fictícia durante uma hora e pouco na tela da sua casa. E quando tem jogo e a novela acaba mais cedo, é um aperreio! Aquele beijo que por mais técnico que seja libera sensações perdidamente excitantes em nossa mente, e pensamentos tão libertinos que pedimos perdão a Deus. Choramos, sorrimos, ficamos com ódio do vilãozinho... Tudo por causa das novelas. Temos necessidade de acompanhar dia após dia daquela trama, daquele personagem principal que toda vida é humilhado, xingado, e até morto (em novelas espíritas) pra no último dia dar a volta por cima e vencer o antagonista.
Mas por que tanta admiração e vício, por uma coisa tão simplória quanto as novelas? A verdade é que o cidadãozinho que se senta à sua poltrona para acompanhar a novela diariamente cria uma espécie de alter-ego, como se vivesse aquilo com suas próprias mãos, pés e pernas. É tão reconfortante saber que por mais mentira que seja não é apenas você que foi traído e serviu de comentário para todos do seu trabalho e que foi duramente injustiçado pela vida e ter comprometido sua coluna e perdido seus movimentos completamente. As pessoas, principalmente os brasileiros, vêem-se reconfortados em ver que aquele determinado problema não aconteceu apenas com ele mesmo, ainda que seja acometida por uma vida fictícia. Ou até mesmo, se iludem, por querer ou por não-querer e se dizem os próprios personagens, criam para si uma alcunha e um propósito. Passam, portanto, a viver aquilo; se materializando em cada cena, servindo de vítima, ou de vilãozinho, ou você acha que para uma mulher feia não é bom se imaginar uma Maria Fernanda Cândido dando beijo em um galã?
O grande problema é que muitas vezes aquilo que era simplesmente um momento de entretenimento passa a interferir sua vida. Torna-se algo compulsivo: “tenho que chegar mais cedo pra acompanhar a novela!” Ou, “não posso ir a esse compromisso hoje porque tenho um capítulo imperdível me esperando”. E nós, meros tolos, largamos tudo para dar ibope às emissoras e deixamos de viver a nossa própria vida! Dentre os diversos e (piores) tipos de vícios cotidianos, está o da telenovela: é uma droga, que, quando utilizada de maneira errada causa sérios problemas psicológicos. E não estamos falando apenas de novelas, essas febres vampirescas também podem influenciar e influenciam a vida de vários adolescentes pelo mundo todo. Os galãs interferem nas mentes das mulheres de todas as idades de um modo que elas passam a respirar o tal homem. E não só mulher não, os homens também. Sonhando e tendo delírios nem um pouco elucidativos com as musas da TV nacional e internacional.
O barato de tudo isso é que a nossa vida é uma grande e (importantíssima) telenovela que não admite figurantes e nem coadjuvantes, onde você é o protagonista, cria seus enredos e tramas e os próprios vilões e as circunstâncias que a história vai se desenrolar. Uma grande novela, você é o próprio autor, onde fica a critério único e exclusivo seu decidir o final feliz!


Gabriel Nascimento (14), espectador de telenovelas e
fã de séries vampirescas

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