sábado, 10 de julho de 2010

O futebol e a questão da verdade

“E eu não posso mais calar, já que o brilho deste olhar foi traidor” (Gonzaguinha)

Enquanto estou falando-lhes esse texto que me envergonha, principalmente por ser brasileiro, existem milhares de pessoas sendo brutalmente assassinadas, crianças sendo prostituídas e mulheres espancadas. A brutalidade que a vida nos causa, nos dias de hoje, aparenta ser algo cotidiano! É humilhante para todos nós implorarmos para que o covarde do assaltante leve tudo que tivermos, menos nossa vida. Quem é ele, por exemplo, para levar sequer um caderno meu? Estamos todos submissos à impunidade de viver em um mundo assim. Vide o assassinato do cartunista Glauco e de seu filho, que morreram impunes à covardia de um delinquente, e que dias após teve a ousadia de admitir o que fez com a maior cara lavada. Ah! E não me venha com essa de que o rapaz era louco! Porque louco que é louco, de maneira alguma mata uma pessoa... E outro caso, tão cruel e triste foi o do rapaz Alcides, que filho de uma catadora de lixo venceu na vida passando em 1° lugar geral no vestibular que prestou para uma universidade pública e anos após teve sua vida assassinada por dois sujeitos. E ainda temos que ouvir de alguns cidadãos que se esses jovens vivem sob à custa de nosso dinheiro, roubando, matando, é porque não tiveram apoio governamental. Ora, qualquer um é dono de seu próprio destino é pode decidir entre viver na pobreza dignamente, e estudar para ter um futuro promissor, como o jovem Alcides ou simplesmente viver no mundo criminal ganhando dinheiro facilmente. Agora o que não dar é vivermos na incerteza se vamos sobreviver até o dia de amanhã. Porque dentre essa árdua jornada podemos ser assaltados, assassinados, seqüestrados... E tudo isso pode ser simplesmente omitido por uma bola em um campo de futebol. Enquanto os zagueiros da seleção finalizava jogadas maestrais e o Júlio Cézar agarrava as jabulanis mais impossíveis, milhares de pessoas eram mortas, assassinadas impunemente pela brutalidade do ser humano, e ninguém tomou alguma posição, não haviam pessoas para sequer prestar um amparo, eu digo policiais, delegados, não haviam oficiais de saúde, os que restavam atendiam os mais necessitados. O comércio parou completamente, não houveram pessoas, as ruas eram desertas. E, inocentes, pessoas sem teto, crianças desamparadas continuavam desamparadas. O brasileiro, só se diz brasileiro a cada 4 anos, quando coloca sua camisa verde e amarela, senta-se ao seu sofá e passa a acompanhar lance por lance, sempre que possível xingando os adversários. E não me venha com derrota, viu?! DUNGA BURRO!!!!! E tudo no final sobra para o técnico e para a inocente da sua mãe, ele que não soube escolher bem a seleção e que em muitas vezes foi rude e mal educado e que nem sequer um BOM DIA oferecia as pessoas e que tratou mal os jornalistas e que e que e que... E se os 190 milhões de técnicos espalhados por todo o país se unissem para fazer do Brasil o país da Educação, ao invés de apenas país da Seleção? Se metade do que é feito pelo futebol aqui no Brasil fosse investido em saúde, educação, sustentabilidade não estaríamos nessa situação tão humilhante. É lógico que o Brasil vem ganhando seu espaço e reconhecimento no mundo; é claro. Exportando café, petróleo, frutas entre outras matérias, seria impossível que não fôssemos reconhecidos, mas os conflitos internos permanecem. 
E digo mais: patriotas são os argentinos, que mesmo perdendo, honraram o seu técnico e toda a sua seleção.
Pena que os dungas-burros, os fenômenos, os fabulosos, os reis, os imperadores, os gansos, os patos, toda a fauna e flora e todos os 190 milhões de técnicos não se unem em favor de um Brasil mais justo, mais digno e mais decente a todos, para que os meus filhos e netos, e todas as gerações futuras não venham a agir pensando que mais vale um futebol a um país que não só valoriza o esporte sobretudo todas as necessidades do povo.

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